A maternidade é encarada tanto quanto um destino biológico natural na vida das mulheres, quanto uma ‘obrigação social’ de procriar e cuidar dos filhos. Mas nem todas as mulheres querem ser mães e optaram por não atender ao chamado biológico e a imposições sociais.
De acordo com a pesquisa Sobre mulheres e mães: uma aproximação à teoria do cuidado, dentre as definições referentes ao que é ser mulher, a maternidade se encontra como algo naturalmente imposto por sua condição biológica, mas ainda assim, a mulher pode escolher não ser mãe, apesar de ter em sua anatomia condições para isso.
Algumas mulheres não querem ter filhos porque fizeram a escolha de se dedicar à vida profissional, outras não desejam filhos por não se sentirem aptas para o exercício de ser mãe e algumas mulheres até desejam ter filhos, mas têm medo.
De Onde vem o Medo de Ter Filhos?
O medo de ter filhos muitas vezes está relacionado com a visão da mulher sobre o mundo no qual vive. Está na percepção das injustiças, desigualdades, preconceitos, intolerância a diferenças e na certeza da própria impotência em proteger a criança das mazelas do mundo.
O medo de ter filhos para algumas mulheres pode também ter relação com a percepção e injustiças que percebe em sua condição como mulher no mundo “E se uma outra mulher for gerada? Como poderá ser forte vivendo neste mundo?”.
A violência é outro fator que pode pesar na decisão da não maternidade de algumas mulheres, a escolha de não querer ser mãe pode envolver o medo de não conseguir proteger o filho da crueldade presente no mundo. Algumas mulheres têm uma visão sobre filhos diferente. Acreditam que gerar uma pessoa envolve excesso de responsabilidades, principalmente educacionais e sociais e o excesso de medo de não atender às expectativas implícitas ao papel social de mãe as fazem decidir não ter filhos.
“Não Quero Ser Mãe” – É Preciso Respeitar Essa Decisão
Há casais que pensam de uma mesma maneira diferente e optaram em não ter filhos, mas diante dessa decisão, precisam enfrentar durante alguns anos os questionamentos e pressão por parte de familiares, amigos e pessoas desconhecidas. Há casais que têm uma rotina de vida mais agitada, que gostam de viajar, de se divertir e acreditam que ter um filho não condiz com a escolha que fizeram.
É natural que diferenças existam, mas precisam ser respeitadas, a decisão por não ter filhos cabe apenas à mulher e ao casal, questionamentos de tempos em tempos sobre essa decisão são tão desagradáveis quanto “Quando terá um segundo filho?”.
Ser mulher não está limitado à maternidade, trata-se de uma decisão pessoal e que deve ser tomada baseada naquilo que faz a mulher se sentir segura, principalmente consigo mesma.
Mas e Se a Mulher Quiser Ter Filhos, mas Sente Muito Medo?
Se a mulher quer ser mãe, mas cultiva medos, é essencial que procure apoio psicológico, pois esse medo pode estar relacionado a questões até mesmo ligadas com a própria infância. Muitas mulheres têm medo de sentir dor no momento do parto, aliás, existe um nome para casos de fobia ao parto (tocofobia). De acordo com o medo e estágio, o ideal é que um tratamento adequado seja realizado.
Uma gestação sem que a mulher se sinta preparada ou livre de medos pode trazer ainda mais problemas. É essencial que o companheiro também preste muito apoio à mulher, por meio de diálogos e até do compartilhamento dos próprios medos, afinal, não são apenas as mulheres que temem a maternidade, muitos homens não se sentem à vontade com a ideia de ser pai.
Há algumas mulheres que afirmam ‘não quero filhos’ que se preocupam em gerar uma vida antes mesmo da concepção. Têm medo de que não consigam proteger os filhos como uma mãe deve fazer, mas esse só é um sinal de que a maternidade é um exercício que poderá ser executado com maestria. É esse amor e esse cuidado para que o bebê cresça e seja feliz, que fazem de tantas mulheres mães extraordinárias.
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